Justiça de SP condena estado a pagar pensão a família de sushiman

Filha de cozinheiro morto em 2018 deverá receber indenização até completar 25 anos. Procuradoria de SP diz que não foi intimada

O Tribunal de Justiça de São Paulo condenou o Governo do Estado de São Paulo a pagar uma indenização em forma de pensão à família de Leandro Santana, sushiman que trabalhava em um restaurante japonês do Itaim Bibi, bairro nobre da zona sul de São Paulo. Ele foi morto por policiais militares em novembro de 2018. O cozinheiro teve um surto psicótico no restaurante em que trabalhava e arremessou duas facas contra os agentes.

Na decisão, a Justiça entendeu que os policiais usaram força excessiva para conter o homem. As imagens das câmeras do restaurante mostram que o cozinheiro agrediu um homem, pegou duas facas e as arremessou contra os PMs. Os policiais revidaram com armas de borracha, no primeiro momento. Uma delas acertou o profissional, que caiu no chão. Um dos PMs se aproximou dele com uma arma de choque.

Já com o sushiman caído no chão, os policiais deram sete tiros, e quatro deles atingiram o cozinheiro. Leandro Santana morreu na hora. “Infelizmente, por um dia ruim que ele teve, ele foi morto pela polícia. No momento em que ele foi morto não tinha ninguém no restaurante, não tinha funcionários. Então, ele não oferecia riscos a terceiros”, disse André Henrique Guimarães Silva, advogado da família.

Sushiman foi morto com tiros da polícia

Sushiman foi morto com tiros da polícia

REPRODUÇÃO

A corregedoria condenou a ação dos PMs que atiraram. No documento, os corregedores afirmaram que os policiais tinham os meios necessários para contê-lo, com escudos, balas de borracha e o taser (arma de choque). O documento relata que os policiais poderiam ter isolado Leandro e vencê-lo pelo cansaço ou pelo arrependimento. O relatório descreve ainda que os policiais atiraram porque teriam ficado inconformados com a negativa de Leandro de se render.

A corregedoria criticou ainda o fato de os policiais terem disparado na parte de cima do corpo de Leandro, o que demonstraria um excesso. O regulamento da PM, segundo os corregedores, exige outra conduta. O caso foi encaminhado ao Tribunal do Júri de São Paulo para que os dois PMs sejam julgados. “Ingressamos com uma ação contra o estado para que viesse a reconhecer o excesso da PM e reparasse a família de Leandro”, diz o advogado.

A Justiça de São Paulo condenou o estado ao pagamento de uma indenização por danos morais e materiais à família. A filha do cozinheiro deverá receber uma pensão mensal até que ela complete 25 anos. Hoje, ela tem 3 anos. O valor corresponde a 65% do salário que Leandro recebia na época.

A Procuradoria de São Paulo disse que ainda não foi intimada da decisão. Já o comando da PM informou que os PMs estão fora das ruas e trabalhando em serviços administrativos.

R7

 

 

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