A violência doméstica e familiar, muitas vezes, tem o uso do álcool e seus efeitos colaterais como precipitadores e intensificadores. O tema foi discutido com homens que respondem pelo crime de violência doméstica, no programa Reeducar, promovido pelo Ministério Público do Piauí (MP-PI).
Segundo dados do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) da Unifesp, de 2016, o uso de álcool está associado a 50% dos casos de violência doméstica. “Sob o efeito de álcool e outras drogas é comum haver a sensação de desinibição, que aumenta a sensação de onipotência, em que a pessoa pode exacerbar uma personalidade agressiva”, explica o psicólogo do Centro de Atenção Psicossocial de álcool e drogas (CAPS-AD), Anderson Lima.
No Núcleo de Promotorias de Justiça de Defesa da Mulher Vítima de Violência Doméstica e Familiar (NUPEVID), órgão do Ministério Público responsável pelo desenvolvimento e execução do projeto, a maioria dos casos atendidos tem relação com o uso de álcool.
“Um detalhe muito importante a ser destacado é que as drogas e, principalmente o álcool, costumam estar presentes nos casos de violência doméstica, porém, não são as causadoras. Já existe um potencial agressor que, com a interferência da droga, tem essa violência potencializada”, destaca a promotora de Justiça Amparo Paz, coordenadora do NUPEVID.
Participante do Reeducar, o pedreiro J.F.S é um dos casos em que a bebida alcoólica contribuiu para a violência. “No dia em que aconteceu o meu caso, todos os envolvidos estavam embriagados e eu acabei preso. Eu sempre tive problema com álcool e drogas. Passei 23 anos da minha vida usando maconha, cocaína e bebida alcoólica. Hoje eu não uso mais. Estou há seis meses sem beber e há mais de nove anos que não uso outras drogas. E estou levando o aprendizado daqui para o meu processo de recuperação”, conta.
Fonte: Ascom