Um casamento com o diabetes”, é assim que José Veloso, um dos 195 mil diabéticos do Piauí, descreve a relação com a síndrome metabólica. O diabetes mellitus é de origem múltipla, caracterizada pela elevação da glicemia no organismo, podendo ser decorrente da incapacidade do pâncreas de produzir insulina (tipo 1), ou porque este hormônio não é capaz de agir de maneira adequada no corpo (tipo 2).
Dia 14 de novembro é o Dia Mundial do Diabetes e a Campanha Novembro Azul tem como tema “O diabetes diz respeito a toda a família”. Segundo dados do Ministério da Saúde, um em cada 11 pessoas tem essa doença no Brasil e 6,5% da população piauiense é diabética, o que representaria cerca de 195 mil piauienses com diabetes tipo 1 e 2, os dados são de 2017 do Vigitel.
Os principais sintomas da diabetes costumam ser aumento da sede, boca constantemente seca, vontade frequente de urinar, cansaço frequente, visão embaçada, as feridas cicatrizam mais lentamente, tontura, formigamento nos membros e infecções mais frequentes.
José Veloso, 49, trabalha no Corpo de Bombeiros do Piauí e há 10 anos descobriu ser diabético tipo 2. Ele conta como os sintomas passavam despercebidos pela falta de informação. “Estava na semana de apresentação de uma pós-graduação e percebi que sentia vontade de urinar mais que o normal, além de uma secura constante na boca. Estava estressado por conta da apresentação, passava noites sem dormir adequadamente e não me alimentava direito, o que fez a doença se manifestar com mais intensidade, mas até então nem desconfiava do que se tratava, até que um colega me alertou que esses sintomas poderiam ser de diabetes”, conta Veloso.
A partir dessa informação, ele buscou assistência para fazer um teste de glicemia. “Depois que comecei a ser acompanhado pelo endocrinologista eu entendi que já havia alguns sintomas que se manifestavam, mas pela minha falta de informação, não sabia que já se tratavam de diabetes e coloquei na cabeça que não haveria solução mágica, mas sim cuidados constantes”, comenta José..
Para Ariel Melo, coordenador da Saúde do Adulto e do Idoso da Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi), isso mostra o quanto as ações educativas de conscientização são importantes em um diagnóstico precoce que evita complicações agudas, bem como complicações crônicas.
O endocrinologista Wallace Miranda alerta que o diabetes é uma doença silenciosa e que os sintomas se manifestam numa fase mais avançada, quando a glicemia está bastante elevada. “Por isso, a importância dos exames de rotina, do acompanhamento preventivo”, comenta o médico.
Estimativas apontam que 80% dos casos de diabetes tipo 2 poderiam ser evitados por hábitos de vida mais saudáveis, como atividade física e alimentação correta. “Voltei a fazer atividade física, o que ajuda muito a estabilizar a glicemia, tenho que equilibrar e entender meu ciclo fisiológico para tentar controlar toda essa condição”, diz Veloso.
Segundo o endocrinologista, é importante que o paciente já diagnosticado seja acompanhado regularmente por profissionais de saúde. “Cada paciente tem um tratamento, depende de cada organismo, só um especialista saberá indicar de forma correta”, explica Wallace.
José Veloso comenta que “estamos sujeitos a todo momento a condições de mínimas e máximas, então precisamos nos monitorar constantemente no dia a dia. Vou regularmente ao endócrino e sempre estimulo as pessoas porque depois que a gente aprende, queremos que os outros tenham mais cuidado consigo mesmo. Os detalhes mínimos fazem toda a diferença na alimentação e na vida do diabético”.
É importante ressaltar que alguns grupos devem fazer acompanhamento constante, como pessoas acima do peso e obesas, com histórico familiar de diabetes, pressão alta e após os 45 anos. “O diabetes não controlado pode trazer complicações como infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, complicações na visão, comprometimento dos rins, e dos nervos, havendo amputações de membros em algumas situações mais complicadas”, reitera o médico.
A doença não é impedimento para autonomia e independência do paciente, se controlada corretamente, o individuo pode realizar normalmente as atividades de rotina, praticar esportes. “É importante o envolvimento dos familiares com o tratamento do paciente diabético, visto que, muitas vezes, há uma mudança de hábitos, requerendo a adaptação de toda a família”, completa Wallace Miranda.
Fonte: Ascom