Relator da MP da Eletrobras defende MP de racionamento

Elmar Nascimento (DEM-BA) fala de risco de apagão. Câmara dos Deputados vota hoje alterações no texto sobre empresa de energia

O deputado federal Elmar Nascimento (DEM-BA) defendeu, nesta segunda-feira (21) que o governo federal encaminhe a MP (Medida Provisória) do racionamento de energia. O parlamentar é relator da MP da Eletrobras, medida que será votada nesta tarde na Câmara dos Deputados.

“Se fala que o governo vai ter, e eu acho que vai ter que fazer, é uma MP do racionamento, sob pena de que, aliado ao crescimento econômico do país, a gente tenha um apagão. Só não temos hoje uma crise elétrica muito grande porque não houve crescimento econômico na última década”, afirmou Nascimento.

“Nós temos apontado pelo Ministério da Economia a expectativa de aumento de 4% do PIB. A cada 1% que você incrementa no PIB, tem necessidade de aumentar 2% a capacidade de geração de energia. Nós temos que tratar disso em breve espaço”, acrescentou.

governo tem nas mãos uma medida provisória que cria condições para adoção de um racionamento de energia. Documentos internos que revelam a intenção de criar um comitê de crise que terá o poder de adotar medidas como a redução obrigatória do consumo e a contratação emergencial de termoelétricas – mesmas medidas adotadas em 2001, quando a população e as empresas foram obrigadas a diminuir a carga em 20% para evitar o apagão.

A MP propõe a formação de um grupo que poderá mudar a vazão de hidrelétricas de forma imediata, sem aval de outros órgãos e de Estados e municípios. Os custos das medidas serão pagos pelo consumidor, por meio de taxas na conta de luz. O texto está sendo analisado em meio à pior crise hidrológica que o Brasil viveu nos últimos 91 anos, sem perspectiva de chuvas nos próximos meses.

MP da Eletrobras

MP da Eletrobras foi aprovada pelo Senado Federal na última quinta-feira (17) e será analisada pela Câmara dos Deputados na tarde desta segunda-feira (21). De acordo com Nascimento, relator da medida, 95% do texto aprovado pelos senadores foi mantido.

Questionado sobre os pontos alterados, o parlamentar comentou sobre duas questões. “Sai uma que cria uma indenização a Cepisa, concessionária de energia do Piauí. Há uma discussão muito grande, e o governo levantou isso e os líderes disseram que não reconhecem essa dívida, que está sendo discutida na Justiça e o governo pediu para que retirasse”, disse.

Nascimento informou, também, que foi alterada a parte sobre mercado livre. “Porque os líderes entenderam que o que nós vamos discutir nos próximos dias no projeto do marco regulatório do setor elétrico, e eles acham que esse tema fica melhor nesse projeto do que na MP da Eletrobras.”

O modelo de desestatização prevê a emissão de novas ações da Eletrobras, que serão vendidas no mercado sem a participação da União, resultando na perda do controle acionário de voto mantido atualmente por ela. Cada acionista, individualmente, não poderá deter mais de 10% do capital votante da empresa. A União terá uma ação de classe especial (golden share) que lhe garante poder de veto em decisões da assembleia de acionistas.

A MP foi aprovada com dispositivos introduzidos pela Câmara dos Deputados que preveem que o governo federal patrocine, pelos próximos 15 anos, a contratação de usinas termelétricas a gás natural em regiões do interior do país onde hoje não existe esse fornecimento. O relator, porém, removeu a regra que tornava esse processo uma condição para o processo de desestatização.

R7

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