O Mercado Livre está cada vez mais de olho no potencial dos serviços financeiros – e, desta vez, o alvo é o mercado de crédito para pequenos e médios empreendedores.
A gigante de tecnologia anunciou que disponibilizará mais 245 milhões de reais em financiamentos para os vendedores em seu marketplace. A captação foi feita com o BID Invest, do Grupo Banco Interamericano de Desenvolvimento, e pela gestora e provedora de crédito privado Captalys.
O mercado de crédito para PMEs convive há anos com dinheiro cada vez menos disponível em fontes tradicionais.
A concessão de crédito para as consideradas médias e pequenas pelos bancos (o critério de classificação varia de banco para banco) caiu 16% em 2016 em comparação com o ano anterior — para empresas grandes, os empréstimos cresceram 5% em termos reais. De acordo com o Boletim Ceper de setembro deste ano, da Fundace, os recursos destinados às grandes empresas cresceram 1% no acumulado de 2018, na comparação com 2017. Enquanto isso, para micro, pequenas e médias empresas os recursos caíram 25%.
Os 245 milhões de reais serão concedidos por meio do Mercado Crédito, unidade criada em janeiro deste ano para intermediar a oferta de empréstimos e soluções financeiras para usuários de unidades do Mercado Livre.
O valor emprestado por empreendedor chega a 350 mil reais, em até 12 parcelas. Hoje, o marketplace do Mercado Livre concentra 12 milhões de vendedores e 247 milhões de usuários. O empréstimo é feito de forma 100% online e depositado na conta do usuário. O Mercado Crédito está disponível na Argentina, no Brasil e no México.
O Mercado Crédito concedeu ao todo mais de 665 milhões de reais em crédito para vendedores online no Brasil. Para aprovar o financiamento, a gigante faz uso de uma análise de pontuação própria para permitir a pré-aprovação do crédito, com base nos dados coletados dos empreendedores usuários do Mercado Livre e do Mercado Pago, como histórico transacional.
Mudança de foco
Criado como um marketplace eletrônico para produtos, o Mercado Livre possui 40 milhões de clientes e 15 bilhões de dólares de valor de mercado. Em março, superou a concorrente B2W e virou o maior comércio eletrônico do Brasil.
Cada vez mais, porém, o Mercado Livre olha para sua atuação em serviços financeiros. O crescimento de novas funcionalidades na divisão Mercado Pago, como saques em bitcoins, uso de QR Codes e rendimentos automáticos, e o mais recente anúncio de expansão de crédito são alguns exemplos.
“Nascemos com o propósito de democratizar o varejo na América Latina. Agora nosso objetivo é democratizar o uso do dinheiro”, diz o argentino Marcos Galperin, fundador e presidente do Mercado Livre, em entrevista anterior a EXAME. “Do lado do vendedor, faltavam crédito, estabilidade, infraestrutura. Agora, temos 500.000 PMEs que vivem de fazer vendas em nossa plataforma.”