Empresa da Nova Zelândia testa jornada de quatro dias sem reduzir salário. E o resultado agrada

Uma empresa na Nova Zelândia queria fazer um teste. Seria possível que os funcionários fizessem o mesmo trabalho em menos horas, fossem embora mais cedo e ficassem, assim, mais satisfeitos? Desafio aceito e a Perpetual Guardian instituiu que a jornada de seus 240 funcionários seria de apenas quatro dias por semana, oito horas por dia. Sem nenhum desconto no salário, nem no trabalho.

O teste foi realizado entre março e abril e acompanhado por acadêmicos que coletaram dados quantitativos e qualificativos, segundo artigo publicado no The Guardian. Por trás do marketing gerado pela iniciativa, a ideia do fundador da Perpetual Guardian, empresa de serviços fiduciários, era buscar que seus funcionários melhorassem o equilíbrio entre vida pessoal e vida profissional.

Dois meses depois de realizado, o experimento apontou fatores positivos, como engajamento, satisfação e redução em 7% no estresse geral. Segundo os dados publicados no NZ Herald, 78% dos funcionários disseram ter conseguido equilibrar “com sucesso” a vida e o trabalho com a jornada reduzida. Isso representa um aumento de quase 25% no número de funcionários com equilíbrio em comparação a dados coletados em novembro.

Liderança, comprometimento e empoderamento também foram indicadores que melhoraram em comparação à pesquisa pré-experimento.

A redução pela redução, porém, poderia ter sido ineficaz se os funcionários não tivessem se adaptado. Segundo Helen Delaney, pesquisadora da universidade da escola de negócios de Auckland, e que acompanhou o experimento, os funcionários inovaram na forma de trabalhar para conseguir produzir o mesmo em menos horas. “Eles buscaram aprender a trabalhar de forma mais produtiva, automatizaram alguns processos manuais e reduziram ou eliminaram o uso da internet não relacionada ao trabalho.”

A jornada menor não impactou no resultado financeiro da empresa e o conselho estuda implementá-la de forma permanente. O empecilho para isso é a própria legislação trabalhista neozelandesa, baseada no número de dias e horas trabalhadas, com férias acumuladas de acordo com a quantidade de tempo gasto no escritório.

A redução da jornada (em nome da mesma ou até maior produtividade) é uma tendência discutida no mundo corporativo e vem ganhando certo respaldo científico. Pesquisa da consultoria britânica Vouchercloud, que avaliou o desempenho de quase 2 mil funcionários de vários setores, constatou que, em média, os pesquisados trabalham realmente apenas duas horas e 53 minutos por dia. O restante do expediente se escoa em outras atividades não relacionadas ao trabalho, como checar redes sociais, tomar lanchinhos ou socializar.

Fonte: Portal New Trade

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