Podemos é a casa da quadrilha da Lava Jato

A bancada do Podemos é a terceira maior no Senado, atrás apenas do MDB e PSD. São nove senadores, sendo os mais expressivos Álvaro Dias (PR), um lavajatista de quatro costados e um dos “padrinhos” da armação

Em menos de 20 dias, o trio que mergulhou o país no caos saiu das catacumbas e escolheu o Podemos como sede da quadrilha, sua casa.

O ex-juiz Sergio Moro, considerado indigno e suspeito pelo STF, abriu a fila, assinando a ficha do partido em 10 de novembro. Depois, o ex-chefe da Lava Jato, Deltan Dallagnol, que pediu exoneração do cargo de procurador da República no início do mês antes de iniciarem-se as punições a ele, foi nomeado vice-presidente do Podemos no Paraná – antes mesmo de se filiar ao partido, num estilo que lembra as falcatruas da Lava Jato.Finalmente, neste domingo (28), foi divulgada notícia de que o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também deve se filiar ao Podemos.

A ação combinada é a confissão clara de que Moro, Dallagnol e Janot constituíram e constituem uma quadrilha.

Durante toda a Lava Jato, os três fizeram questão de esconder da opinião pública, dos Poderes e da polícia o fato de que agiam em conluio – como uma quadrilha, de fato. Posavam aos incautos -e essa pose era disseminada pela mídia conservadora a todo pulmão- de que agiam no estrito limite da lei, sem qualquer tipo de combinação ou arreglo. Mesmo quando foram desmoralizados pela Vaza Jato e posteriormente pelas revelações de Walter Delgatti Neto e, na sequência, pelas informações da equipe jurídica de Lula ao STF a partir das informações da Operação Spoofing, Moro, Dallagnol e Janot continuaram a garantir que não havia combinação nenhuma em suas iniciativas.

O ingresso dos três em menos de um mês na mesma agremiação política com o objetivo de tomar o poder no país nas eleições de 2022 equivale a uma confissão sem retorno de que todo o caminho feito pretendia chegar nisso.

Lembremos:  segundo o artigo 288 do Código Penal, o crime de associação criminosa tipifica-se assim: “associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes”. O objetivo é tornar o Podemos num partido que se apresente como a legenda “da lei e da ordem”, herdeira do lavajatismo “traído” por Jair Bolsonaro e se conformar com o “terceira via”, mas não como uma direita tradicional ou liberal e sim como uma vertente da extrema direita nacional.

A casa da quadrilha não é um partido desprezível, apesar de ser praticamente propriedade privada de um clã -não o Bolsonaro, mas o Abreu.

A agremiação teve três donos. O fundador foi Dorival de Abreu, que foi deputado federal por São Paulo nos fim dos anos 1960 e fundou o Podemos com outro nome (PTN) em 1995. Ele passou o partido para o irmão, José Masci de Abreu, que foi deputado federal por São Paulo em duas legislaturas, entre 1995 e 2003. José Masci, por sua vez, passou o bastão para a filha, Renata Abreu, em 2017 – ela é deputada desde 2015. Um partido de pequenas oportunidades, até agora, que tornou-se com os anos, em função de composições de interesses locais e busca de espaço, em uma legenda de alguma expressão.

A bancada do Podemos é a terceira maior no Senado, atrás apenas do MDB e PSD. São nove senadores, sendo os mais expressivos Álvaro Dias (PR), um lavajatista de quatro costados e um dos “padrinhos” da armação. Outros dois senadores mais conhecidos são Eduardo Girão (CE) e Jorge Kajuru (GO). Na Câmara, a bancada do partido é apenas a 14ª, com 11 parlamentares sem qualquer expressão, exceto pela presidente, Renata Abreu, que agora sai à ribalta.

Ao que tudo indica, os Abreu decidiram entregar o partido à quadrilha lavajatista, mas é bom aguardar, pois os meandros da política são mais misteriosos do que podem parecer à primeira vista, como os sucessivos fiascos de Bolsonaro em busca de um partido o demonstraram -agora, finalmente, ele parece ter um partido para chamar de seu, o PL.

A quadrilha tem apenas a rota bandeira da Lava Jato para oferecer e, como escrevi acima, busca ser a opção da “lei e ordem” em 2022 – a filiação do general bolsonarista dissidente Santos Cruz compõe a narrativa. Com seu discurso, eles sonham avançar sobre a base eleitoral bolsonarista, que foi entusiasta da Lava Jato anos atrás, e sufocar a direita tradicional, atraindo tucanos para criar um movimento de unificação da extrema direita e direita contra Lula.

Vai dar certo?

A ver.

Fonte: Brasil 247

 

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