O perfil do novo líder na era digital

Estamos mudando rapidamente de uma sociedade empresarial formada por gerentes para uma cultura de empresa conectada, liderada por empreendedores. O advento da internet possibilitou que os profissionais se tornassem muito menos dependentes das hierarquias centrais, geradoras de informações. Isso ocorre na vida em geral e tem repercussão direta nas empresas.

O preço acessível das novas tecnologias inverteu a ordem: por vezes, não são mais as empresas que trazem as inovações para as pessoas, e sim as pessoas que trazem para as empresas a sua tecnologia. Instituições, escolas, sala de aula, em casa na família, em toda parte; as pessoas não dependem mais de centros de autoridade para obter informações. Pais, professores e líderes não detêm mais as informações, que agora estão acessíveis nas redes da internet. Tal situação gera nas pessoas muito mais autonomia e independência.

A geração mais jovem já nasceu com esta independência de acesso dos centros de dados para nuvens que alimentam redes. Isso aumenta a iniciativa das pessoas para navegarem por si nas redes sociais. O segredo do sucesso hoje está justamente nas formas cooperativas de se trocar informações e se organizar, tanto para produzir conhecimento como para criar possibilidades. As pessoas se conectam e criam possibilidades, gerando uma enorme demanda que precisa de empreendedores para atendê-las.

Hoje, os membros de uma equipe, sejam alunos em sala de aula, filhos em casa ou colaboradores de uma equipe de trabalho, não dependem mais do líder, do professor e dos pais para saber das coisas. Apesar de o líder estar num lugar de autoridade, ele não tem mais o poder. Ele não detém mais o controle e nem o acesso à informação.

Por outro lado, num mundo repleto de informações, vivemos a maior carência de conhecimento. Temos muito conteúdo, mas não sabemos como lidar com toda a avalanche de informações captadas pela nossa rede social. Estamos despreparados para lidar com esse novo cenário. Pois a organização do conhecimento é que mudou, indo de um polo do saber, em que pais, professores e chefes se projetavam como representantes da autoridade, para redes interconectadas, por onde flui todo tipo de informação sem qualquer tratamento ou filtro. Estamos vivendo num mundo aberto de possibilidades sem o preparo para essa nova navegação.

As universidades, que poderiam oferecer essa nova forma de organização do conhecimento, não estão preparadas. Por mais que tragam a tecnologia para a lousa eletrônica, o modelo de ensino é centrado na figura do professor. E, por isso, as faculdades não estão preparando os novos profissionais para empreenderem nesta nova era.

Indo ao encontro desta necessidade, surgem então os chamados “Novos Campus”, um fenômeno em muitos países que busca suprir essa ausência de ordem das informações. São programas abertos presenciais coordenados por mentores, que oferecem a habilidade para o desenvolvimento de novos skills de seus mentorados, que buscam suprir esta lacuna que as faculdades estão deixando em aberto para eles. A pergunta que se apresenta hoje é: “Qual é o curso de faculdade que de fato ensina a empreender de maneira tão prática e pragmática?” O retorno dos investimentos no ensino formal fica cada vez mais distante do pragmatismo dos nossos dias.

Num mundo de mudanças rápidas, é preciso superar modelos mentais e ir além para encontrar chaves que nos permitam abrir novas portas para o inovador.

Nesse sentido, existem ferramentas que auxiliam na organização e melhor utilização dessas informações. Uma delas, por exemplo, é a Mentoria. Diferente do coach, que busca ajustar a vida aos seus objetivos profissionais, a Mentoria alinha seus objetivos ao novo sentido de vida e carreira.

O papel do mentor, neste processo, em muito se assemelha ao papel do novo líder facilitador das relações, estimulando iniciativas práticas. O mentor é esta figura capaz de mobilizar as pessoas para novos propósitos de vida e de trabalho, ao mesmo tempo que busca sistematizar caminhos e possibilidades para grupos de pessoas com interesse em comum e capazes de concretizar soluções para esse novo mercado.

Na sociedade da era do empreendedorismo precisamos estar abertos para uma nova forma de aprendizado, pois é preciso aprender a ser empreendedor, aprender a conviver em redes conectadas, aprender a organizar a informação para, então, aprender a criar novas soluções.

Por Marcelo Canal,  master mentoring com mais de 20 anos de experiência na liderança de projetos de mudança em empresas líderes de mercado: Diretor RH Natura; Gerente RH Cia Hering; Gerente de Desenvolvimento Pirelli. Diretor RH Corporativo Grupo São Cristóvão. Presidente da Sociedade Brasileira de Mentoria Sistêmica. Formado em Administração de empresas FGV e Psicologia PUC; Conselho de Empresas Instituto de Governança Corporativa IBGC; MBA em Gestão de Negócios em Saúde FGV; Membro do PMI AMP – Illinois Business School, Membro do Fórum Permanente do Global Conference for Sustainable Nations Basiléia, Membros de Conselho de Administração em empresas brasileiras. Facilitador em mentoria e coaching para executivo nos níveis +C.

Fonte: Mundo RH

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