Mais de dois terços dos departamentos jurídicos demonstraram interesse no uso de inteligência artificial generativa nos seus setores de atuação, de acordo com a segunda parte do The General Counsel Report 2025, publicado pela FTI Consulting, Inc. (NYSE: FCN) e pela empresa global de tecnologia jurídica Relativity. Além do crescente interesse pela IA no setor jurídico, aproximadamente 65% dos departamentos jurídicos planejam investir em novas tecnologias no próximo ano, e 30% deles já incluem IA generativa em suas listas de futuras implementações.
A sexta edição anual do relatório é baseada em entrevistas individuais realizadas pela Ari Kaplan Advisors com chief legal officers de grandes corporações em todo o mundo e em uma pesquisa quantitativa com mais de 200 general counsel em 12 países. Juntas, essas fontes de dados examinaram a taxa de adoção da IA generativa, o planejamento tecnológico dentro do departamento jurídico e o uso da tecnologia como estratégia para lidar com os crescentes desafios.
Além de planos para adquirir ou aprimorar o uso de ferramentas para gerenciamento do ciclo de vida de contratos, gestão jurídica empresarial, gestão de casos e automação, os líderes dos departamentos jurídicos demonstraram estar confortáveis com o uso da IA generativa para casos jurídicos, incluindo pesquisa jurídica, e-discovery, revisão de documentos, análise de contratos e mais. O uso da IA generativa aumentou no último ano, com 44% dos general counsel afirmando que suas equipes já utilizam a tecnologia, comparado a 28% em 2024 e 20% em 2023.
“A cada dia, mais diretores jurídicos exploram como a IA pode tornar suas equipes mais eficientes e eficazes”, disse Sophie Ross, CEO Global da FTI Technology. “No entanto, esse crescente nível de conforto precisa ser equilibrado com uma série de preocupações persistentes, incluindo viabilidade, disponibilidade, confiabilidade e custos da tecnologia. O que continuamos a observar entre nossas equipes e clientes é que a IA tradicional ainda tem grande valor para casos jurídicos, enquanto a IA generativa possui um enorme potencial para otimizar os resultados quando aplicada com supervisão especializada. As descobertas do The General Counsel Report confirmam que o setor jurídico está vivenciando os efeitos da disrupção tecnológica e que os departamentos jurídicos devem continuar investindo em testes liderados por especialistas para entender as aplicações que trarão mais impacto para suas necessidades.”
América Latina
Na América Latina, o relatório destaca uma maior aceitação no uso de IA. De acordo com a pesquisa, 86% dos departamentos jurídicos latino-americanos estão receptivos a utilizar esta tecnologia em e-discovery – o maior índice em todas as regiões analisadas. Em contrapartida, o estudo também aponta desafios: enquanto alguns entrevistados mencionam que diferentes marcos regulatórios dificultam a implementação da IA, outros ressaltam que a falta de infraestrutura local aumenta a dependência de empresas externas para gerenciar a crescente demanda de trabalho.
“Embora muitas empresas ainda estejam estruturando sua base tecnológica, o crescente interesse pela IA generativa reforça que a transformação digital no setor jurídico é um caminho sem volta. Os desafios regulatórios e a complexidade jurídica exigem estratégias bem definidas, mas o uso da IA na área cresce ano a ano em todo o mundo – e a América Latina acompanha essa tendência. Com planejamento e investimento adequados, a adoção da IA no setor jurídico deve se intensificar ainda mais no Brasil e América Latina, trazendo eficiência e inovação”, complementou Antonio Gesteira, Diretor Executivo Sênior de Tecnologia da FTI Consulting.
Destaques do estudo
As principais descobertas da segunda parte do General Counsel Report 2025 incluem:
- A maioria dos entrevistados (75%) relatou um aumento na carga de trabalho relacionada à avaliação de novas tecnologias para suas organizações.
- Apesar do amplo reconhecimento do valor da tecnologia, 75% dos departamentos jurídicos ainda não possuem um plano tecnológico estruturado, dificultando o planejamento e a alocação eficiente do orçamento.
- A dependência crescente de escritórios de advocacia foi a estratégia mais popular mencionada pelos diretores jurídicos para lidar com os riscos e demandas crescentes, com 79% afirmando que recorrem a consultores externos com maior frequência.
- Os general counsel na América Latina foram os mais propensos a aceitar o uso de IA em e-discovery, com 86% demonstrando abertura para essa tecnologia, em comparação com apenas 55% na Ásia-Pacífico, a região com menor aceitação.
- Os general counsel se mostraram menos confortáveis com o uso da IA generativa em investigações, com 47% classificando sua abertura para essa aplicação em um ou dois, em uma escala de um (nada confortável) a cinco (extremamente confortável).
- O relatório revelou uma leve melhoria na preparação tecnológica — 85% dos diretores jurídicos disseram sentir-se minimamente ou nada preparados para enfrentar os riscos da IA generativa, uma melhora em relação aos 93% registrados em 2024.
“O mais recente levantamento confirma o que nossas pesquisas anteriores já indicavam: a IA generativa não é uma moda passageira, mas sim uma tecnologia transformadora que está reformulando a prática jurídica”, disse David Horrigan, Discovery Counsel e Diretor de Educação Jurídica da Relativity. “No ano passado, menos de um terço dos departamentos jurídicos afirmavam que suas equipes estavam usando IA generativa, mas esse número saltou para 44% no relatório de 2025, destacando a importância dessa tecnologia para a profissão jurídica e seus principais responsáveis.”