O Ministério Público do Estado do Piauí (MPPI), por meio da 2ª e 8ª Promotorias de Justiça de Picos, em parceria com a Escola Superior da Advocacia (ESA/PAB) e com apoio do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf/MPPI), finalizou na última sexta-feira (15) a etapa teórica do curso “Facilitadores de Círculos Complexos de Construção de Paz” na região de Picos.
A formação faz parte do projeto “Escola de Círculos de Paz: Práticas Pedagógicas e Restaurativas” e se divide em duas etapas: a formação teórica, com 40 horas de carga horária, e a prática, com supervisão de estágio de 50 horas, acompanhado pelo Instituto Terres de Homenes, do Ceará.
A gerente do projeto, a promotora de Justiça Itanieli Rotondo Sá, comenta que a qualificação trouxe importantes vivências práticas relacionadas ao desenvolvimento dos Círculos de Construção de Paz. “As pessoas durante os círculos falam sobre valores, partilham histórias e constroem relacionamentos. Essa metodologia contribuí para o fortalecimento de conexões, vínculos e o diálogo, oportunizando soluções compartilhadas para os conflitos”, disse.
Confira a sonora da gerente do projeto “Escolas de Círculos de Paz”, a promotora de Justiça Itanieli Rotondo Sá, sobre a formação.
Foram ofertadas 19 vagas para pessoas interessadas em atuar com facilitadores de círculos de construção de paz mais complexos, preferencialmente formadas pela “Escola de Círculos: práticas pedagógicas e restaurativas” e que integrem a instituição ministerial ou a Rede de Proteção dos 16 municípios componentes da comarca de Picos.
Para a Coordenadora do Direito da Mulher de Picos, Laura Monique Rufino, o curso foi uma oportunidade de transformação que, certamente, ajudará a impactar positivamente na vida da população que busca soluções mais céleres. Já a representante da Secretaria de Educação, Inês Costas, destaca que os aprendizados adquiridos ajudarão a beneficiar a sociedade picoense, inclusive junto a área da educação da qual faz parte.
A advogada Luana Monteiro explica que os Círculos de Paz são uma ferramenta necessária para a pacificação social. “É com alegria que participei dessa formação, com o entendimento de que a cultura da pacificação social deve ser divulgada e expandida. A sociedade tem que se comprometer com a construção de uma comunidade pacífica, com essa ideia de responsabilização com o todo. Esse curso vem para somar esse novo paradigma, uma vez que a Justiça é a consolidação da paz entre todos”, explica.
A presidente da Comissão de Justiça Restaurativa e Direito Sistêmico da OAB/Picos, Wilca Luz Cavalcante, fala sobre a importância do curso. “Essa é uma formação pioneira no estado do Piauí e estamos gratos pelas parcerias que contribuíram para a concretização desse momento. Nesses cinco dias de curso, tivemos a participação de profissionais que integram a Rede de Proteção, do sistema municipal de educação e muitos outros, que serão multiplicadores dessa cultura de paz”.
Círculos de Construção Paz
Os Círculos de Construção de Paz são uma ferramenta da Justiça Restaurativa e surgem como uma alternativa ao modelo punitivista. A adoção de práticas de Justiça Restaurativa está prevista na Resolução CNMP nº 243/2021. Os princípios básicos para utilização desses programas estão previstos também na Resolução nº 2002/2012 da Organização das Nações Unidas (ONU).
Os círculos foram sistematizados pela americana Kay Pranis e trazem como pressupostos: o verdadeiro EU de cada um é bom, sábio e poderoso; o mundo está profundamente interconectado; todos os seres humanos têm um desejo profundo de estar em bons relacionamentos; todos os humanos têm dons e cada um é necessário pelo que faz; tudo que precisamos para fazer mudanças positivas já está aqui; seres humanos são holísticos e nós precisamos de práticas para construir hábitos de vida a partir do nosso eu verdadeiro.
Com isso, a principal intenção dos círculos são propor às comunidades a resolução de conflitos em coletivo, construção de redes de apoio e o estabelecimento de vínculos.
Fotos:Ascom MPPI/Divulgação
Fonte:MPPI