Após Nordeste, Mercado Livre busca centro de distribuição no Sul

A empresa já abriu um novo centro de distribuição na Bahia neste ano, se somando aos que já tinha em São Paulo. Objetivo é ampliar malha logística própria

Mercado Livre estuda possíveis cidades para abrir um centro de distribuição (CD) na região Sul do país. A empresa está empregando esforços nos últimos anos para expandir sua malha logística própria e já abriu nesse ano um CD na Bahia, anunciado em junho, além dos dois que tem em São Paulo.

A varejista vem tendo altas recordes em vendas e novos usuários diante do crescimento do e-commerce na América Latina, que foi impulsionado nos últimos meses pela quarentena na pandemia do novo coronavírus.

O desejo de abrir um CD no Sul é antigo. Cidades de Santa Catarina estariam sendo estudadas, segundo a imprensa local. De acordo com o jornal NSC, de Santa Catarina, o governo da cidade de Gaspar, a 138 quilômetros da capital Florianópolis, estaria em conversas com o Mercado Livre. Outra cidade aventada, desta vez em reportagem da rádio Gaúcha ZH, é Governador Celso Ramos, na região metropolitana de Florianópolis.

Procurado, o Mercado Livre confirma a intenção de abrir um centro de distribuição na região Sul, mas não detalha ainda as cidades envolvidas nas negociações ou em qual estado o espaço ficará.

“O Mercado Livre continua estudando as possibilidades de localização para seu centro distribuição no Sul, bem como potenciais parceiros para atuar na região”, disse a empresa em nota nesta terça-feira, 1º. “No momento oportuno, em que tiver informação concreta e exata, a companhia fará uma comunicação pública a respeito.”

Anteriormente, a empresa estava em conversas avançadas com Gravataí, no Rio Grande do Sul. Mas o Mercado Livre desistiu, segundo o próprio prefeito da cidade, por questões relacionadas à tributação no estado. Devido a esse episódio, que envolve regulação estadual, são menores as chances de que um CD vá para o Rio Grande do Sul sem mudança nas regras, mesmo que em outra cidade.

Na ocasião, a Prefeitura de Gravataí havia afirmado que o CD traria consigo a abertura de 500 vagas de emprego, o que seria um número similar às vagas do centro aberto na Bahia, quando na capacidade máxima.

Em junho, a abertura do CD na Bahia já havia representado um marco na expansão da logística própria do Mercado Livre, sendo o primeiro centro de distribuição da empresa fora do Sudeste. O centro, na cidade de Lauro de Freitas, fica a algumas dezenas de quilômetros da capital Salvador.

O CD na Bahia fez parte de um plano de investimento de 4 bilhões de reais do Meli para o Brasil até o fim de 2020, segundo afirmou a empresa na ocasião. Com mais centros espalhados pelo país, o Mercado Livre consegue melhorar seus prazos e taxas de entrega para além do Sudeste.

Historicamente focado no marketplace, que é a venda de produtos de lojistas parceiros, o Mercado Livre tem um terço do e-commerce no Brasil, à frente dos principais concorrentes, Magazine Luiza e B2W (dona de Submarino e Americanas.com).

Outrora operando apenas como intermediária entre seus 11 milhões de lojistas e 60 milhões de clientes, o Meli começou a ampliar sua logística própria sobretudo nos últimos dois anos.

Atualmente, mais de 50% do que é vendido pelo Mercado Livre já é entregue com serviço de logística própria, o que melhorou os prazos de entrega da empresa.

Assim como o Meli, as concorrentes também vêm apliando sua participação online e fazendo investimentos em novos pontos de distribuição Brasil afora para melhorar a logística, incluindo com o uso de lojas próprias como estoque de e-commerce.

Além dos três CDs, o Mercado Livre tem ainda centenas de pontos avançados de distribuição, espaços menores em que os vendedores parceiros podem depositar a mercadoria para ser recolhida pelo serviço de entrega próprio do Mercado Livre (chamados de pontos de drop-off, no termo em inglês). O Mercado Livre não tem lojas físicas e afirma que, por ora, não tem intenção de abrir uma.

Com o movimento, o Meli também vem diminuindo o uso de serviços dos Correios, antes o maior parceiro nas entregas — mas que ainda é amplamente usado pelas varejistas brasileiras para entregas em lugares mais remotos.

Ano de ouro

Favorecido pelas ações já negociadas em dólar e pela alta do e-commerce, o Mercado Livre atingiu valor de mercado de 60 bilhões de dólares na bolsa. A ação da empresa, negociada na Nasdaq, nos Estados Unidos, acumula alta de mais de 110% no ano.

O resultado fez a empresa argentina se tornar no começo de agosto a mais valiosa da América Latina, ultrapassando as brasileiras Vale e Petrobras.

Enquanto o segundo trimestre foi desastroso para boa parte das companhias, o faturamento no período mais que dobrou no Mercado Livre, indo a 878,4 milhões de dólares, alta de 123% na comparação com 2019 (em base neutra que desconsidera impactos do câmbio).

No Brasil, o faturamento da empresa cresceu 87% no segundo trimestre, em moeda local.

O GMV, total bruto vendido entre vendedores parceiros e mercadorias próprias, também dobrou entre abril e junho, chegando a 5 bilhões de dólares.

O Mercado Livre fechou os primeiros seis meses de 2020 com 65,5 milhões de usuários únicos ativos, alta de quase 40%, e mais de 284 milhões de produtos vendidos na América Latina.

Ao todo, o faturamento do e-commerce no Brasil cresceu 47% no primeiro semestre deste ano, para 38,8 bilhões de reais, segundo pesquisa da Ebit/Nielsen em parceria com a Elo. É o maior crescimento em 20 anos. O isolamento forçado pela pandemia também incentivou mais de 7 milhões de brasileiros a fazer sua primeira compra online.

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