A Netflix está sendo processada pela georgiana Nona Gaprindashvili, uma das maiores enxadristas do mundo na década de 1970, ao afirmar que a série “O Gambito da Rainha” apresenta falsas informações sobre sua história em uma fala da protagonista.
De acordo com a Variety, a juíza norte-americana Virginia A. Phillips decidiu seguir com a ação movida pela ex-campeã de xadrez em 2021. Em decisão tomada nesta quinta-feira, 27, ela discorda alegação da plataforma de streaming, que havia afirmado que a questão seria resolvida rapidamente por se tratar de uma obra de ficção.
Para Phillips, a enxadrista apresentou argumentos válidos para sustentar a acusação de difamação e obras de ficção não são imunes do risco de calúnias se abordam pessoas da vida real.
Baseada no livro homônimo de 1983, “O Gambito da Rainha” retrata a trajetória de sucesso da fictícia enxadrista e órfã Beth Harmon, vivida por Anya Taylor-Joy. No auge da Guerra Fria, ela chega a vencer os principais enxadristas russos dos anos 1960..
A cena que gerou a acusação de Nona Gaprindashvili acontece ao final da produção, quando um comentarista de xadrez menciona enxadrista ao falar sobre Harmon. “A única coisa incomum sobre ela, realmente, é seu gênero. E mesmo isso não é único na Rússia. Há Nona Gaprindashvili, mas ela é a campeã mundial feminina e nunca enfrentou homens”, declarar o personagem.
Mas representantes legais de Gaprindashvili apontam que a fala de que Gaprindashvili “nunca enfrentou homens” é falsa, além de chamar o ocorrido de “altamente nojento, sexista e em tom de menosprezo”. De acordo com a enxadrista, no ano de 1968, quando o episódio se passa, ela já havia competido com pelo menos 59 homens enxadristas, o que inclui 10 Grandes Mestres, além de retificar sua nacionalidade por ter sido apresentada como russa na série.
“A Netflix descaradamente mentiu sobre as conquistas de Gaprindashvili pelo propósito barato e cínico de ‘elevar o drama’ por fazer parecer que seu herói fictício conseguiu fazer o que nenhuma outra mulher, incluindo Gaprindashvili, havia feito”, declara a defesa da enxadrista.
“Adicionando insulto à injúria, a Netflix ainda descreveu Gaprindashvili como russa, mesmo sabendo que ela é georgiana, e que os georgianos sofreram sob a dominação russa quando parte da União Soviética, e têm sido atacados e invadidos pela Rússia, desde então”, completa a defesa.
Gaprindashvili espera receber no mínimo US$5 milhões e indenização pelo processo e ainda move uma ação para que a fala seja retirada da série. “Netflix tem o maior respeito pela senhora Gaprindashvili e sua ilustre carreira, mas acreditamos que essa queixa não tem mérito e vamos defender essa posição vigorosamente”, afirmou a plataforma de streaming ao The Hollywood Reporter.
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